UMA CASA...
...SETE MORADORES.
Quantos
“Eus” seu corpo hospeda? Talvez esta pergunta não tenha sido feita antes para
você ou até mesmo não lhe pareça familiar. Contudo, é possível pensar que a partir de
então, você consiga refletir um pouco mais acerca da quantidade de pessoas que
sua casa interior hospeda.
Pode
até parecer estranho, ou lembrar um pouco fragmento da doutrina espírita, uma vez que, falar da
pluralidade de pessoas que habitam dentro de nós não é nada comum, porém, afirmo que o assunto
não tem nada a ver com a religião citada ou qualquer outra, e, sim, com a realidade vivenciada por cada um de nós.
Dessa forma, procurarei simplificar o assunto
para facilitar seu entendimento. Pois bem, o ser humano embora possua apenas
uma personalidade jurídica adiquirida com o nascimento e consolidada após registro civil, com decorrer
do tempo, ele descobre que vive sozinho, uma vez que, não tem muita graça ser solitário, e por imposição social inicia a criação de diversos personagens com os quais estabelecem alianças duradouras ou não, e consequentemente passa a representar cada um deles de acordo com o seguimento da sociedade
que o acolhe. São vários os tipos e representações, o primeiro
protagonista da história é o “filho”, neste
caso, quando tem oportunidade de conviver com seu genitor, busca querer ser
igual ao seu pai em quase tudo, é mais ou menos assim -quando crescer quero ser
igual ao meu pai, fazer as mesmas coisas que ele faz, ter os mesmos amigos que ele tem e exercer a
mesma profissão. Com o passar do tempo, surge o “amigo”, através das relações interpessoais com outros amiguinhos
de escola ou de esquina. Como o tempo não pára, surge então o “namorado”, “o marido”, “o profissional”, “o pai”, “o líder espiritual”, etc.,
enfim, muitos outros integrantes podem compor o mesmo espaço
habitacional, independente do tamanho da casa, eles passam a conviver dentro do mesmo LAR.
Diante disso tudo, você acha que é possível manter a harmonia completa entre
todos os moradores? É claro que não, mas, pode-se se é entender o porque. Pense comigo, teria
os sete hóspedes citados acima, os mesmos gostos e comportamentos? É quase
certo que a resposta também seria não. Daí surge a grande sacada, é dentro de nós que nasce a primeira escola
de convivência social, é nela, que aprendemos
o “saber viver e respeitar as diferenças”, é preciso saber escutar alguém
enquanto estiver falando. Vale ressalta o pensamento de Jaques
Lacan, que vivemos para o outro, ou os outros que tem o mesmo direito de hóspedes na mesma casa.
É bom lembrar, que a maioria dos conflitos demandados em nosso
dia-a-dia, é reflexo disso tudo, são gerados por pessoas que não
aprenderam a conviver com seus “EU´S”,
e como consequência do não conseguir organizar sua casa interior, passam a viver
em pé de guerra consigo mesmo, dessa forma, reflete diretamente na relação interpessoal, ou seja, com seu
próximo. É preciso botar ordem na casa interior objetivando a harmonia entre os opostos "EU´S"
Gilberto Rezende
Psicanalista Clínico
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